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A Coluna do LIV de agosto faz um alerta de que não basta não ser racista — é preciso investir na educação antirracista

Estamos acostumados a ver muitas pessoas dizendo que vivemos em uma democracia racial, termo criado na década de 1930 pelo sociólogo Gilberto Freyre, mas a verdade é que temos que refletir cada vez mais sobre esse tema. Será que todos são realmente tratados da mesma forma, independentemente da raça?

Hoje, o racismo estrutural vem sendo mais discutido pela sociedade. E a escola, que faz parte do mundo, e, por isso, não está isenta dos problemas que o atravessam, precisa cada vez mais debater práticas discriminatórias e segregadoras.

Conheça um pouco da desigualdade em sala de aula

O ambiente escolar também reflete as desigualdades e racismo que permeiam a sociedade. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), do IBGE, por exemplo,  mostra que o percentual de jovens negros fora da escola chega a 19%, enquanto o de jovens brancos é de 12,5%. De acordo com um estudo do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), menos de 10% dos alunos matriculados em instituições privadas consideradas de alto desempenho são negros.

Só temos demonstrado exemplos de pessoas inspiradoras brancas?

É preciso que gestores e educadores procurem avaliar o que estão fazendo em prol de uma educação antirracista. É papel da escola implementar estratégias transformadoras para combater o racismo e qualquer tipo de preconceito e, além disso, buscar a representatividade, garantindo e celebrando a diversidade que nos caracteriza. Várias leis regulamentam essa necessidade, como a 10.639, que desde 2003 estabelece a obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileira.

Mas, na prática, muitos professores e gestores ainda não sabem muito bem o que fazer e se perguntam: como podemos agir?

Para Saulo Pereira, consultor pedagógico do LIV, há maneiras de começar a mudança. Embora ele reconheça que o desafio ainda é grande, ele aponta alguns caminhos que considera essenciais. Conheça alguns deles:

  • É preciso promover debates qualificados, mostrar dados sobre racismo para que todos estejam bem cientes da extensão do problema;
  • É necessário pensar como é montado o currículo da escola. “Será que ela está aberta a outros tipos de saber, para falar do que ensinam os povos originários, por exemplo?”, indaga Saulo;
  • É essencial, ao se falar sobre pessoas inspiradoras, em diversas áreas do conhecimento, contemplar a diversidade que nos caracteriza, e não mostrar apenas pessoas brancas;
  • É imprescindível que o material didático contemple a diversidade étnico racial brasileira;
  • É necessário combater o racismo em sala, identificar palavras que não devem ser usadas e incentivar que todos da comunidade escolar tenham um letramento racial;

Como o LIV pode ajudar na adoção de práticas antirracistas

Para auxiliar nessa jornada, o LIV preparou uma trilha pedagógica voltada para docentes das escolas parceiras do programa, que busca fornecer elementos para que, de fato, seja possível que todos se envolvam e promovam a educação antirracista. Dividida em cinco módulos, ela poderá ser feita online pelos professores que acessarem o portal do LIV. A primeira parte, já disponível, mostra por que a escola antirracista é, mais do que nunca, essencial.

O segundo módulo, que também já pode ser acessado, trata de histórias que podemos (re)contar a partir de vozes que sempre existiram, mas nem sempre foram ouvidas.  A legislação brasileira tem, inclusive, diretrizes sobre como implementar um ensino da história e da cultura afro-brasileiras em todo o currículo, como a Lei 10.639. A Lei 11.645 foi, por sua vez, tornou obrigatória também a construção de uma sala de aula que inclua a história indígena.

Quando se fala destes dois temas, além de resgatarmos a própria construção do que é o Brasil, também conseguimos que alunos se sintam representados. Imagine entrar em uma sala e encontrar resistência à sua presença ou origem? Como a escola pode querer que o estudante aprenda se ele não sente nenhum tipo de pertencimento?

Neste ponto, a educação antirracista e a socioemocional se interconectam. Ouvir o que os alunos têm a dizer e valorizar sua presença e história são pontos que se relacionam diretamente à criação de espaços de fala e escuta, tão importantes na construção da educação socioemocional.

Algumas escolas já avançaram mais do que outras na construção de um ambiente antirracista. Na cidade de Vitória da Conquista, na Bahia, o Colégio Sêneca instituiu 2023 como um ano de combate ao racismo.

Quer conhecer mais sobre o assunto? Acesse um outro artigo que publicamos anteriormente aqui no Blog, clicando aqui.

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